Dizem que a mulher é o sexo frágil / Mas que mentira absurda! / Eu que faço parte da rotina de uma delas / Sei que a força está com elas. (Erasmo Carlos)


Quando o assunto é o universo feminino, ideologia de gêneros é um assuntozinho que não faz sentido. A mulher foi, é, e sempre será infinitamente superior ao homem e a todas as outras letras do infinito LGBTQIA+.
Nem é preciso focar a discussão nas suas capacidades laborativas, ou intelectuais. É delas a força e ponto. A vitória é uma consequência que vem por nocaute. E quem atesta é um item de vestuário: a bolsa. Uma professora pode até sair de casa sem ter preparado a aula, mas não esquecerá a bolsa.
A piloto de Boeing arrasta a maleta de rodinhas da companhia aérea pelos saguões, mas à tiracolo lá está ela, a sua bolsinha. Médicas deixam o plantão esquecendo a sandália e o computador, mas a bolsa abarrotada está pendurada bem à sua frente. A bolsa não é um apetrecho feito para carregar quinquilharias. São apêndices da alma feminina onde se esconde o mundo, e ainda sobra espaço para mais coisas. E não se trata de mochilas, ou malas, mas aquelas joiazinhas que combinam com sapatos, lenços, vestidos, esmaltes…
A história da bolsa, supõe-se, deve ter começado com uma parteira aproveitando o cordão umbilical para fazer a alça daquele que seria o protótipo. Depois disso a imaginação se encarregou de providenciar o restante.
Na primeira infância enfeitava as bonecas numa espécie de estágio, para não mais se apartar da mulher. Quando ela aprende a andar já há um item novinho à disposição. O mistério reside em saber o que tem dentro delas.
A rainha Elizabeth alimentou a curiosidade e levou a resposta para o túmulo. Ninguém jamais saberá o que existia dentro da sua bolsa. O MI6, serviço secreto inglês, aquele mesmo que desenha os carros do 007 deve ter bolado os apetrechos que rechearam a bolsinha preta e de alças de sua majestade.
Podemos imaginar que na Segunda Guerra havia um avião da RAF lá dentro. Um bólido pronto para ser acionado quando a soberana enxergasse perigo e precisasse lutar contra a Luftwaffe para proteger os súditos. Mais adiante, durante a guerra fria, na parte interna do fecho, havia um botão que a faria se transformar em abrigo nuclear.
Já no final da vida, a bolsa da rainha se tornou mais trivial, mas não menos necessária: possuía um kit maquiagem e uma garrafa de gin. O conjunto a rejuvenescia e, de quebra, ainda deixava o semblante mais aprazível que o de Camilla Parker Bowles (que deve ter outros itens na sua, os quais – certamente – não têm poderes para lhe realçar a beleza).
A bolsa é tão importante que constantemente tem o nome surrupiado pelos políticos que querem posar de simpáticos. Bolsa-família, bolsaalimentação, bolsa-caminhoneiro e tantas outras bolsas que servem para fazer marmanjos se sentirem no colo de suas mães. Parece que as necessidades não são supridas se tiverem um apelido masculino.
Este texto é uma piada feita para chamar a atenção da necessidade de políticas sociais de apoio, baseada no êxito de um programa-piloto desenvolvido há tempos em New York, que pode ser conferido em Ecol Food Nutr. 2018 JulAug;57(4):261-281. doi: 10.1080/03670244. 2018.1481835. Epub 2018 Jun 20.

A rainha Elizabeth alimentou a curiosidade e levou a resposta para o túmulo. Ninguém jamais saberá o que existia dentro da sua bolsa // Foto: Getty Images
Dr. Manoel Paz Landim
(Cardiologista, Mestre em Medicina pela FAMERP, Preceptor e Médico do Ambulatório de Hipertensão do Departamento de Clínica Médica da FAMERP, São José do Rio Preto)

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