Giana Rodrigues

Apesar de estarmos vivendo um ano atípico em relação a condições climáticas, a roça de morangos de Urânia segue recebendo visitantes e sendo a principal atração de turismo rural da região de Jales.

Em entrevista ao Jornal de Jales, Bruno Aparecido Preto, um dos responsáveis pela plantação, disse que este tem sido o pior ano em relação à falta de chuvas e frio na época da formação do morango.

O plantio geralmente acontece em março e neste mês, algumas chuvas são previstas: “mas em 2024 ficamos sem chuva em abril, maio, junho, julho e agosto – estamos há praticamente 5 meses sem nenhuma gota de água”, disse Bruno.

A ausência da chuva e do frio, que também não veio neste ano, influencia negativamente na produção: “não crescem direito nem o pé e nem o fruto – fica um fruto menor”, comentou o produtor.

Apesar das condições atípicas, a experiência dos produtores faz com que a safra seja garantida e a diversão dos visitantes que colhem os morangos direto do pé, aconteça. A previsão é de que ainda sejam encontrados morangos até meados de outubro.

HISTÓRIA

Hideraldo Perpétuo Preto, pai de Bruno, cultiva morango há 35 anos. “Ele tomou conhecimento através de um jornal na época. Ele e um amigo se interessaram vendo aquelas imagens, aquela propaganda pelo jornal, e se aventuraram em busca das variedades em Monte Alegre do Sul. Foi aí que eles trouxeram morango aqui para a região e começaram a cultivar em fundo de quintal, plantando de 500 a mil pés de morango antigamente”, contou Bruno.

A partir do momento em que Hideraldo começou a aprender a lidar com o cultivo, a formar mudas na região, foi despertando nele a motivação de trabalhar com o morango – uma fruta exótica que não era plantada por aqui.

“No começo ele plantava somente para mercados, não era uma produção turística. Era destinada a supermercados de Jales, Urânia e Santa Fé do Sul; nós mesmo colhíamos, embalávamos e transportávamos para os mercados”, afirmou o produtor.

TURISMO

Há cerca de 10 anos, em 2014, iniciou-se por acaso um incentivo ao turismo rural através da propriedade da família em Urânia. Visitantes da Semana Missionária da igreja católica dividiram-se em grupos para visitar os sítios e coincidentemente, era época da safra do morango, em julho. O grupo que visitou a plantação ficou encantado e curioso, fotografando, postando e indicando a propriedade a amigos.

“Em 2015 nós aumentamos a produção para 4 mil pés e foi feita uma reportagem da TV Unifev para divulgar. Nós já estávamos preocupados pois não sabíamos o que iriamos fazer para escoar essa produção maior de morangos maduros. As pessoas voltaram com mais amigos e começaram a colher os morangos, entregamos as cestinhas, então foi assim que começamos a ter um certo fluxo de visitantes todo final de semana, vindos de cidades vizinhas. Falamos que foi Deus que foi mostrando esse caminho”, declarou Bruno.

Já em 2016 a família criou as redes sociais, aumentou a produção para 20 mil pés e implantou realmente o turismo rural na propriedade. Passaram a frequentar o local cerca de 3 a 4 mil visitantes: “teve final de semana que tivemos até que fechar porque a roça não era suficiente para todo mundo”.
Em uma crescente, a plantação evoluiu para 45 mil mudas, 70 mil e hoje são cerca de 100 mil pés de morango em 4 hectares, produzindo de julho a setembro.

COLHEITA

Por mais que o clima não tenha sido favorável, com a experiência da família e as mudanças no sistema de irrigação (que antigamente era por aspersão e hoje é por solo, para diminuir perda de água), a colheita do morango em Urânia rende cerca de meio quilo por pé.

“Uma média de 90% da produção é turística, e 10% são as perdas pela sensibilidade do morango e, aquilo que a gente colhe para fazer os doces – bombons, espetos, paletas mexicanas, morango do amor, tortas, sucos, doces – todos derivados da fruta que são vendidos na propriedade”.

Hoje o atendimento acontece em uma área nova, adequada com a infraestrutura para receber as pessoas como banheiros, fogão a lenha, e espaço onde é servido almoço aos domingos, mediante reserva.
“Na temporada toda passam pelo sítio de 20 a 30 mil pessoas e trabalhamos com cerca de 30 colaboradores”, conta o produtor, que tem organizado eventos resgatando tradições como Costelão no Chão, Porco no Rolete, Churrasco Caipira, entre outros.

DIFICULDADES

Segundo Bruno, não existe outra plantação desse porte na região, pelo alto custo de produção: “o plantio é manual, enfrentamos dificuldades com falta de mão de obra, compra de mudas de fora, um investimento alto. Hoje o quilo do morango que a pessoa colhe é R$ 70,00 – o visitante escolhe seu morango na plantação, livre de agrotóxicos. Pela qualidade e experiência de você colher seu próprio morango, ele não tem preço, ele tem valor”, concluiu o produtor.

A propriedade também ampliou a visitação com uma plantação de cerca de 2 mil pés de girassóis: “mantemos uma pequena roça para fotos, ensaios fotográficos e para que o público possa admirar as flores”.

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