Com uma caminhada realizada na manhã de domingo, 5 de março, foi dado o tiro de partida para a comemoração do Mês da Mulher em Jales.
Claro que, em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, houve um festival de amabilidades em todos os níveis, principalmente entre os casais que vivem sob o mesmo teto, além dos noivos, namorados e até dos ficantes.
Todos esses gestos e juras de amor eterno fazem parte do show, mas a vida das mulheres, principalmente das brasileiras, não se esgota somente nos presentes e nas mensagens.
É preciso ir além. Embora sejam maioria da população brasileira, segundo o Censo do IBGE, as mulheres não estão devidamente representadas na vida pública.
Não é preciso ir longe para enxergar o que está tão à vista. Por exemplo, em Jales, fundada há 82 anos, até hoje só houve uma prefeita eleita pelo voto popular —Eunice Mistilides Silva, em 2012.
O raciocínio vale também para o cargo de vice-prefeita. Desde que Jales se tornou município, somente Marynilda Cavenaghi Nacca conseguiu a vaga, em 2020.
Mesmo na Câmara de Vereadores, a representatividade feminina não chega a preencher os dedos das mãos —Hilda Elias Rochel de Souza, na primeira legislatura, Esmarlei Henrique de Carvalho Melfi, nos anos 80, Aracy Murar e Pérola Cardoso, no início dos anos 2000, e, atualmente, Carol Amador e Andrea Moreto.
Em termos federais, o quadro é pouco animador. Até hoje, só uma mulher ocupou a presidência da República, Dilma Rousseff, eleita em 2010, reeleita em 2014, posteriormente cassada.
No governo do presidente Jair Bolsonaro, dos 27 ministérios, só dois eram ocupados por mulheres. Com a posse do presidente Lula, houve ligeira melhora, com 11 ministras, mas os homens são maioria absoluta—26 ao total.
Na Câmara Federal, dos 513 deputados federais eleitos, só 91 são mulheres. E no Senado, as mulheres são apenas 12.
No Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça do país, só duas mulheres atuam —as ministras Rosa Weber, atual presidente) e Carmen Lúcia. Na comarca de Jales, a juíza de direito Maria Paula Branquinho Pini é a honrosa exceção.
A questão da subrepresentatividade das mulheres só vai se resolver a partir do cumprimento de Lei Eleitoral, que exige que 30% das vagas de candidaturas sejam preenchidas por pessoas do sexo feminino.
O problema é que na teoria a prática é outra. Como lembrou a procuradora da república Raquel Branquinho, do Ministério Público Eleitoral, em entrevista de página inteira na Folha de S. Paulo, em 7 de março: “as mulheres, muitas vezes, são convidadas a se candidatar, há a captação delas com promessas de apoio logístico, financeiro e jurídico na campanha e as promessas não se cumprem”.
É hora de virar o jogo. Mais mulheres já!

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