Já foi escrito nesta coluna que alguns jalesenses têm o péssimo hábito de, por tudo e por nada, achincalhar a cidade como se todos morássemos em alguma corrutela perdida no fim de mundo.
Na verdade, tais conterrâneos, além de um bom tratamento com psicólogo, psiquiatra ou psicanalista, estão precisando também enxergar o lado bom de uma localidade que, entre outros pontos positivos, tem 100% de água e esgoto tratados, índice equivalente a capitais do chamado Primeiro Mundo.
Em qualquer campo de análise, inclusive no artístico-cultural, se verá que vale a pena morar em Jales. Para não ir longe, basta lembrar o Concerto Solidariedade, Saúde e Música, dia 16 de setembro, no revitalizado Centro Cultural Dr. Edílio Ridolfo, protagonizado pela Orquestra Sinfônica de Jales, regida pelo maestro Edivaldo de Paula.
Durante hora e meia, os 102 músicos de formação erudita da Sinfônica executaram peças populares emolduradas por arranjos riquíssimos. Aplaudidos de pé pelo público que lotou o teatro, os músicos proporcionaram um final apoteótico no chamado “bis”, executando hinos de clubes de futebol, abrindo o smoking para mostrar as camisas de cada um.
Mas, reconhecer o lado bom não significa fechar os olhos nem passar o pano para o que eventualmente fique fora dos eixos, como o rumoroso caso do Projeto de Lei Complementar 350/21, aprovado pela Câmara, que resultou na inclusão da taxa do lixo e de mais duas contribuições nos carnês do IPTU, esfolando o contribuinte jalesense, já combalido de dois anos traumáticos por conta dos efeitos da Covid-19 no mundo dos negócios.
Felizmente, os vereadores, que tinham feito gol contra, recuperaram-se a tempo, e aprovaram Projeto de Iniciativa Popular revogando a taxa e as contribuições e, de quebra, derrubando o veto do prefeito.
Mas, a luta continua. Já foi protocolada na Câmara a nova versão do polêmico projeto que tanto desgaste causou à maioria de detentores de mandato, como prefeito e vereadores.
Precavido, o presidente da Câmara Municipal, vereador Bismark Kuwakino (PSDB) deu a entender em entrevistas radiofônicas que, ainda que o novo projeto que cria taxa e contribuições pareça mais suave, nada será feito a toque de caixa.
Além de passar pelo exame das comissões temáticas, como estabelece o Regimento Interno, o chefe do Poder Legislativo pretende submeter a propositura ao crivo da população, através da realização de Audiências Públicas durante as quais será possível tirar todas as dúvidas.
Compreende-se a preocupação do presidente da Câmara. Afinal de contas, gato escaldado tem medo de água fria…

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